O personagem é um cão. Chamado Caramelo. A dona, Cristina Maria Cesario Santana, foi uma das centenas de vítimas da catástrofe, em Teresópolis. O fotógrafo Vanderlei Almeida registrou a imagem solitária e desoladora do animal, ao lado da sepultura de sua proprietária.
Caramelo vivia com Cristina e mais três pessoas. Todos da casa morreram. Menos o cão, que ajudou os membros do resgate a localizar os corpos. A publicação do caso, nessa segunda-feira, resultou na adoção do cachorro por uma família da Barra da Tijuca, no Rio.
A história é triste. As fotos são tristes. O cenário é triste. O olhar perdido e, principalmente, a fidelidade do animal, retratam a dor calada e a impotência, de nós humanos, diante do incompreensível e, até então, quem sabe, inimaginável. São de embargar a voz e encher os olhos de lágrimas.
Uma enfermeira, entrevistada em um dos noticiosos da TV, revelou que muitos corpos foram encontrados abraçados. Entre eles, pais com seus pequenos filhos. Outros, aparentando buscar apoio em algo seguro e firme. Assustador, porém, é constatar que ainda é cedo para se conhecer a extensão completa e as conseqüências dessa tragédia.
Toda essa avalanche de dor e sofrimento só será superada com a esperança que precisa reviver e habitar no coração de cada envolvido nessa história de horror. Em meio aos ribombos dos trovões, ao barulho da chuva incessante, da lama e pedras que destroem , há esperança. Mesmo que os descrentes debochem e tripudiem, atribuindo injustamente a Deus a culpa e a indiferença diante do que aconteceu, ainda há esperança. Deus ainda está e continuará no controle.
“Faço novas todas as coisas”, é a garantia divina. “Vi novo céu e nova terra… e lhes enxugará dos olhos toda lágrima. A morte já não existirá. Já não haverá luto. Nem pranto, nem dor. As primeiras coisas passaram” (Apocalipse 21:1-5).