“O problema não é decidir com possibilidade de errar, é não decidir com impossibilidade de acertar!”
Problema todo mundo tem. Sem exceção. E quando me disseram “o problema não é o problema, mas o que você faz com o problema”, concluí impaciente “ok, mas isso ainda é um problema!”.
Sei lá eu o que você faz da vida, mas quando olho pra mim percebo quantos problemas surgem feito lombadas inesperadas na estrada. É problema com gente, com dinheiro, com educação de filhos, problemas de agenda, de comunicação truncada, passados não resolvidos, e até os problemões que secam a garganta: morte, drogas, UTIs, furtos, crises, divórcios, dívidas, prisão e solidão. Pois é! A coisa nunca mudou e – desde quando os “problemas de matemática” custavam minha aprovação na quarta série – percebo que “ser” humano é ser especialista em solucionar problemas. Não era assim no Éden, mas acabou ficando nos últimos seis milênios. E sobrevivemos nos adaptando a isso.
Por falar nisso, semana passada escutei uma daquelas frases célebres que arregalam os olhos da gente numa explosão pirotécnica sob Céu estrelado. Anotei imediatamente no HD indeletável do meu cérebro. O pensador disse: “Problema é uma decisão não tomada.” Naquele momento meu buscador mental mapeou alucinadamente inúmeras situações cuja frase encaixava feito plug USB (conectada a inúmeras possibilidades!). “É isso!”, concluí como Arquimedes gritando ‘Eureka!’, “nós ficamos muitas vezes atolados na fumaça da dificuldade enquanto deveríamos investir o máximo da nossa energia focando a tomada de decisões!” Não é verdade? Os grandes líderes, gestores e personalidades de influência não gastam seu tempo ‘perdendo tempo’ com enigmas indecifráveis, no entanto, já partem impacientemente obcecados por entender, avaliar, arriscar e, corajosamente, decidir. Se precipitação é a deturpação da coragem ousada, procrastinação é a acomodação da covardia medrosa. A questão aqui é como equalizar a prudência nos braços do imprevisível com a sabedoria pra distinguir o que é mais certo do que é apenas confortável. Afinal, no banco de reservas ninguém decide, nem arrisca – mas também não faz gol! Entende por que esta frase incendiou minha apatia?
O livro mais administrativo do mundo também é a maior vitrine biográfica de decididos que pisaram por aqui. Um pirralho cantor arrisca mais que toneladas de saradões indecisos e, até a pedrada encravar na testa do gigante, a única certeza de Davi era ter tomado uma decisão. E quando Abraão decidiu virar nômade arrastando consigo uma cidade inteira de bípedes e quadrúpedes que viviam sob o guarda-chuva do seu sobrenome? Ninguém pode discordar da cara-de-pau de uma mulher amaldiçoada, com seus rastros de sangue pra trás, decidindo arriscar sua vida pra frente: tocando a roupa dAquela Celebridade inexplicável! Já pensou na maluquice ilógica de um General das Forças Armadas depenando seu mega-exercito até ficar só com 300 soldados? E o rei que decidiu obedecer à receita médica de tomar sete banhos numa água que não tinha nada de mais? Todas foram ações escolhidas, e o resultado veio. Claro que também tiveram aprendizes: Moisés socando a rocha, Pedro fatiando a orelha do outro, Paulo mandando seu pupilo “pra rua”, e Elias chispando apavorado com medo de uma mulher maluca. Mesmo assim, a falha humana por decidir sempre foi mais fácil de consertar do que o desânimo da indiferença.
Problema é uma decisão não tomada. Continuo surfando nesta frase sobre as ondas do meu vai-e-vem diário. Escolhemos a cor da tinta pra parede, onde aplicamos nosso dinheiro, se falamos ou calamos, e inúmeras outras opções por aí. O problema não é decidir com possibilidade de errar, é não decidir com impossibilidade de acertar! Sempre fui adepto de outra frase, que agora se reveste de ouro precioso: é melhor errar por fazer do que não errar por nunca fazer. Quem quiser sair do anonimato, neste panelão com 7 bilhões de seres vivos dentro, terá de tomar decisões. Sem alternativa! Que tal algumas dicas rápidas pra você sair “de trás da moita” da indecisão?
1 – Identifique o problema. Use um microscópio pra saber o que se passa e ganhe depois o telescópio que lhe trará as vitórias mais distantes.
2 – Seja imparcial pra cada lado. Derreta os preconceitos, ouça cada versão do fato, liberte-se de apegos pessoais e investigue racionalmente prós e contras.
3 – Aceite conselhos, mas não seja hipnotizado. Você precisa escutar pessoas de confiança, mas ninguém nunca terá a percepção do seu coração. Não despreze aquela sua premonição inexplicável.
4 – Ponha uma noite no meio. Enquanto você baba no travesseiro, o cérebro prossegue com sinapses nervosas. É bom dar um tempo pras outras soluções germinarem – questão de horas.
5 – Ore sem máscaras. Fique de alma nua perante o Altíssimo. Tenha absoluta certeza de que suas intenções são puras e sinceras. Não ouse manipular o Céu com auto-piedade. Seja genuíno.
6 – Tome uma decisão. E pronto! Agora é queimar os barcos e encarar a terra à vista.
7 – Seja humilde pra virar o volante. Ôpa! Reconhecer o erro é muito mais esperto do que a burrice de empacar nele. Verdade! Saia daí logo – ao perceber que entrou numa fria. Acontece!
Viu só? Problema é uma decisão não tomada. A fila dos indecisos dá voltas no quarteirão da vida. E se você não sabe pra onde vai é porque estão lhe empurrando pra lugar nenhum. Já é hora de ousar sair do banco de reservas. Tomo decisões o tempo todo, e quer saber se eu erro? Inúmeras vezes! Mas aprendi encarar mais o desconhecido do que me esconder atrás da zona de conforto.
Outro dia, minha filhinha decidiu que queria encostar no forno aceso. Alertamos do perigo, mas ela cismava que tinha de chegar perto. Até um momento de distração nossa e… lá foi ela com seus dedinhos de anjo tocar no bafo do dragão. O grito veio – as lágrimas também – agora, se você lhe perguntar se quer se aproximar de qualquer fogão no Universo, o que ela diz com seu dedo indicador balançando? “Nã-nã-não!” Sim, ela aprendeu a lição – porque faz parte da vida decidir e encarar o resultado. Por outro lado, ela também sabe onde pode pegar água (de côco!), como levar a fraldinha suja na lixeira, pedir “pá-pá” e “mi-mi”. Estas são outras decisões valorizando sua mini-existência enquanto seguimos juntos – cada um enfrentando seus problemas sem fugir da reta!
E você, quer vencer seus problemas? Em cima do muro, derrota certa! Tomando decisão, quem sabe? “Antes seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não, para não cairdes em juízo” (Tiago 5:12). Os Céus sempre preferirão um aprendiz arriscando se afogar por andar nas águas com Deus, do que o especialista em se esconder titubeando dentro do barco. Decida, sem covardia medrosa, e encare seus problemas confiando nAquele que estará sempre ao seu lado. Talvez você não vire uma celebridade por aí, mas virará um herdeiro da eternidade. Pois o que torna alguém admirável não é o que está ao redor de si, mas a sabedoria consistente de quem sabe pra onde vai.
Decidindo assim, você chegará lá. Persista nisso.