Numa noite chuvosa, na região em que moro, houve uma queda de energia, de forma que toda redondeza ficou sem eletricidade, na escuridão. Como há muito não fazia, peguei uma vela, coloquei-a em um pires, e deixei na mesa da sala de jantar. Como muito, se não tudo, que eu faço depende da energia elétrica, tipo, ouvir músicas, estudar (no computador, quase sempre), simplesmente puxei uma das cadeiras, sentei, e sem sem querer, comecei a observar as coisas ao redor (se bem que eram as que podiam ser vistas a alguns passos diante de mim), até que fitei meus olhos na vela que proporcionava a única iluminação do ambiente. De tanto observar, vagueando pelos meus pensamentos, comecei a refletir.
A vela se parece com o ideal para o ser humano, não é mesmo? Pense comigo: quando acesa, a vela ilumina. Parece óbvio demais para ser levado em consideração, porém merece um pouco de nossa reflexão.
A chama do cristão
Semelhante à vela, nós podemos estar acesos ou apagados (sendo usados pelas chamas, ou apenas empacotados em nossa embalagem). Cristo um dia falou para sermos luz para o mundo, ou seja, para iluminar, para fazer a diferença onde estivermos, ou seja, não nos igualarmos ao que é comum, à escuridão, através de nossas obras (Mateus 5:14-16, I Tessalonicenses 5:5, I Pedro 2:9). Isso também implica em aquecer aos que estão ao redor, outra funcionalidade da luz, das chamas. Mas isso só é possível quando temos a chama acesa em nós, como a vela, e isso só acontece com o fogo. E quem ou o que é o fogo? Hebreus 12:29 apresenta o nosso Deus, como fogo! O próprio Jesus se identificou como a luz do mundo (João 9:5). Ou seja, como velas, nós só iluminaremos, faremos a diferença, se portarmos a luz, a chama, que é Cristo, o nosso Deus.
Iluminar se refere a alguém ou a algo. Somos luzes quando conduzimos alguém a um bom caminho, com a ausência da escuridão, ou a um caminho que, por mais que tenha barreiras, estas poderão ser desviadas e não se apresentarão como uma dificuldade intransponível, pois o caminho está iluminado. Iluminar é ser portador de boas novas, de uma vida exemplar, guiada pelo próprio Deus (João 12:46).
Luz Artificial
Poderia abrir um parênteses aqui para refletir sobre as lanternas, à bateria, por exemplo, algo muito útil e prático em nossos dias. As lanternas, diferente das velas, possuem uma luz própria, semelhante à do fogo, mas nunca igual ao fogo. Uma chama artificial (Aqui ignorarei a praticidade da lanterna para refletirmos em uma outra realidade). Diferente da chama, a luz da lanterna ilumina, mas não aquece, atingindo apenas um objetivo da luz. Somos lanternas quando achamos que nós temos “sabedoria” suficiente para decidirmos por nós mesmos, ou iluminar por nós mesmos. Lógico que seremos apenas artificiais. A luz pode até ser aparentemente útil, mas logo a nossa bateria se acaba, e quando menos esperarmos, estaremos na escuridão total. Sobre estes a Bíblia se refere como “filhos das trevas” (I Tessalonicenses 5:5), aqueles que buscam guiar-se pelas “tradições de homens” (Mateus 15:3) invalidando os ensinos de Deus por opiniões próprias (Marcos 7:13) e isso se apresenta como um grande perigo (Colossenses 2:8) pois, por mais inteligentes que sejamos, só teremos sabedoria para discernirmos entre o certo e o errado, a verdade do erro, quando tivermos a real sabedoria, que é proveniente do Senhor (Provérbios 9:10, Salmo 111:10). Notou? Ao pensarmos assim seremos velas, não portadores de luz própria, mas portadores da luz divina, o sol da Justiça, o Senhor Jesus.
O consumo da vela
Duas considerações ainda precisam ser feitas:
O fogo vai consumindo até o fim da vela. Quando portamos a luz que é Cristo, devemos permitir que o nosso eu seja consumido. É meio estranho falar assim, mas isso significa que as nossas escolhas, gostos, pensamentos devem ser moldados pela chama, que é Cristo. Isso pode ser chamado de humildade, submissão, entre outras coisas, mas eu ousaria classificar como Amor. É aquele típico exemplo do filho pequeno que é instruído pelo pai a não brincar com a tomada para que ele não leve choque ou aconteça uma tragédia maior com ele. O pai mandou (mandamento) o filho fazer ou não fazer determinada coisa porque o ama e não quer que nada de mal aconteça com ele. Por amor, respeito, o filho o obedece, ou seja, guarda o seu mandamento. Nosso Pai de amor, desde a criação nos deu instruções para que nenhuma tragédia ocorra conosco. Estas instruções estão espalhadas por toda a Bíblia, e seu fundamento em Êxodo 20 e Deuteronômio 5. Se somos velas autênticas, amamos a Deus, e a prova do amor é o respeito, que produz obediência. Por isso Jesus declarou “se me amais guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). Estes foram pronunciados por Jesus de forma resumida em Lucas 10:27 – Amando a Deus (Os quatro primeiros mandamentos em Exodo 20:1-11) e amando ao próximo (os 6 últimos mandamentos - Êxodo 20:12 em diante). Percebe? Dessa forma nosso eu é consumido e uma nova criatura nasce. A Bíblia chama isso de batismo.
Enquanto portamos a chama...
Enquanto clareava percebi que a vela sofria variações em sua chama. O vento proveniente das brechas da janela sacolejaram a chama pra lá e pra cá, quase vindo a apagá-la. Isso traz uma grande lição para nós. Enquanto portamos a chama que é Cristo, ventanias de vários lugares tentarão apagá-la. A Bíblia menciona isso com uma outra ilustração: como um leão (I Pedro 5:8) ou como potestades e principados, príncipes das trevas (Efésios 6:12).
Tais ventos, ou seres podem até usar pessoas, conhecidas ou não, amigos ou não, para tentar fazer a nossa luz apagar. Até pessoas que se dizem portadoras de luz, mas ou são hipócritas e nunca conheceram a luz, ou por um deslize acabaram tendo sua luz/chama apagadas e que agora buscam apagar a chama dos outros. A Bíblia apresenta isso como perseguição. Ou seja, estes ventos que tentarão apagar nossa chama pode surgir da própria comunidade religiosa ou igreja (à propósito, tenho visto muito isso ultimamente).
Porém, não há o que temer pois, se temos a chama e somos a vela autêntica, “nada jamais nos pode separar do amor de Cristo”, pois nEle, somos mais que vencedores (Romanos 8:35-39).
E então, você é uma vela? Ilumine!