Existem diversos textos que demonstram a importância que Deus dá para nossas palavras. Na epístola de Tiago, capítulo 3, do verso 1 ao 12, temos uma das passagens mais conhecidas sobre o assunto. No entanto, quero abordar brevemente um pequeno texto do Antigo Testamento que tem sido passado por alto quando pensamos nesse assunto. Refiro-me a Levítico 19:6.
O texto diz: "Não andarás como mexeriqueiro (caluniador) entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor." A calúnia e o assassinato são colocados juntos nessa passagem para demonstrar a seriedade de ambos aos olhos do Senhor. Mais surpreendente é o que está abaixo da superfície na primeira parte do texto bíblico.
"Mexeriqueiro" ou "caluniador" é a tradução do vocábulo hebraico rakhil. Esse termo aparece em diversas passagens[1] referindo-se tanto a um comerciante que vai de "porta em porta", como também de um caluniador. Destaco aqui duas passagens: Provérbios 11:13 ("o mexeriqueiro [rakhil] descobre o segredo..."); e Ezequiel 17:4 ("...na cidade mercadores [rakhil], a deixou").
A raiz rkhl também está relacionada com a ação do querubim ungido, de Ezequiel 28, um texto-chave para entendermos o início do grande conflito entre o bem e o mal. No verso 16 é dito: "Pela multiplicação do teu comércio [rukhal], se encheu o teu interior de violência e pecaste..." A mesma raiz reaparece no verso 18: "Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio [rukhal]..."[2]
É interessante notar que no Evangelho de João (8:44), Cristo chama Satanás de mentiroso e homicida. A explicação fica mais clara à luz do que foi dito acima: aos olhos de Deus, a calúnia e o assassinato são iguais.
Uma última informação: nossa palavra "fofoca" vem de um dialeto africano, da região da Angola, na África. Lá a palavra fuka significa revolver, remexer. Lembrei-me de um dia que vi uma pessoa revirando o lixo em busca de comida. Espiritualmente falando, muitos devem estar fazendo a mesma coisa com a vida das pessoas que estão ao seu redor.
1. Agradeço ao Tiago Arrais, doutorando em Antigo Testamento na Andrews University, que me apresentou vários outros textos bíblicos com essa raiz. A ideia de caluniador-comerciante está bem atestada em todo o Antigo Testamento.
2. O querubim ungido de Ezequiel 28 tem sido interpretado pelos adventistas como um relato sobre o início do pecado no coração de Lúcifer, posteriormente Satanás, que começou a disseminar sua opinião a respeito de Deus. O teólogo Richard Davidson, da Andrews University, demonstra a solidez dessa interpretação no artigo "Satan's celestial slander", disponível em: http://www.andrews.edu/~davidson/Publications/Satan.Origin%20of%20Evil.Great%20Controversy/Satan's_celestial_slander.pdf
(Luiz Gustavo Assis - Outra Leitura)
O texto diz: "Não andarás como mexeriqueiro (caluniador) entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor." A calúnia e o assassinato são colocados juntos nessa passagem para demonstrar a seriedade de ambos aos olhos do Senhor. Mais surpreendente é o que está abaixo da superfície na primeira parte do texto bíblico.
"Mexeriqueiro" ou "caluniador" é a tradução do vocábulo hebraico rakhil. Esse termo aparece em diversas passagens[1] referindo-se tanto a um comerciante que vai de "porta em porta", como também de um caluniador. Destaco aqui duas passagens: Provérbios 11:13 ("o mexeriqueiro [rakhil] descobre o segredo..."); e Ezequiel 17:4 ("...na cidade mercadores [rakhil], a deixou").
A raiz rkhl também está relacionada com a ação do querubim ungido, de Ezequiel 28, um texto-chave para entendermos o início do grande conflito entre o bem e o mal. No verso 16 é dito: "Pela multiplicação do teu comércio [rukhal], se encheu o teu interior de violência e pecaste..." A mesma raiz reaparece no verso 18: "Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio [rukhal]..."[2]
É interessante notar que no Evangelho de João (8:44), Cristo chama Satanás de mentiroso e homicida. A explicação fica mais clara à luz do que foi dito acima: aos olhos de Deus, a calúnia e o assassinato são iguais.
Uma última informação: nossa palavra "fofoca" vem de um dialeto africano, da região da Angola, na África. Lá a palavra fuka significa revolver, remexer. Lembrei-me de um dia que vi uma pessoa revirando o lixo em busca de comida. Espiritualmente falando, muitos devem estar fazendo a mesma coisa com a vida das pessoas que estão ao seu redor.
1. Agradeço ao Tiago Arrais, doutorando em Antigo Testamento na Andrews University, que me apresentou vários outros textos bíblicos com essa raiz. A ideia de caluniador-comerciante está bem atestada em todo o Antigo Testamento.
2. O querubim ungido de Ezequiel 28 tem sido interpretado pelos adventistas como um relato sobre o início do pecado no coração de Lúcifer, posteriormente Satanás, que começou a disseminar sua opinião a respeito de Deus. O teólogo Richard Davidson, da Andrews University, demonstra a solidez dessa interpretação no artigo "Satan's celestial slander", disponível em: http://www.andrews.edu/~davidson/Publications/Satan.Origin%20of%20Evil.Great%20Controversy/Satan's_celestial_slander.pdf
(Luiz Gustavo Assis - Outra Leitura)