O grande apóstolo Paulo - provavelmente o maior missionário de todos os tempos - que teve o prazer de motivar e de declarar que em seu tempo o evangelho foi pregado em todo o mundo (Colossenses 1:23), utilizou-se de um método de evangelismo - sendo ele ministro do evangelho, obreiro de Deus - que é no mínimo intrigante, frente ao costume dos atuais “ministros do evangelho”.
Paulo, apesar de viver pregando o evangelho (o que hoje poderia-se fazer um longe paralelo a um título de pastor, bispo, ou padre), não era sustentado pelo evangelho, ou seja, pela igreja, mas sim pelo seu próprio trabalho manual. Paulo era construtor ou fabricante de tendas, assim como Priscila e Áquila (Atos 18:2,3).
Por que será que seu método de “viver do evangelho” era tão diferente do atual? E, sendo ele o mais eficiente pregador/missionário, será que seu método não deve, ou precisa, ser imitado nos tempos atuais?
Veja algumas declarações da escritora cristã americana Ellen White:
Por que Paulo, um apóstolo do mais alto nível, uniu trabalho artesanal à pregação do evangelho? Acaso, não é o obreiro digno do seu salário? Por que ele gastou fazendo tendas, tempo e energias que aparentemente poderiam ser mais bem utilizados? Contudo, Paulo não considerava perdido o tempo que gastou fazendo tendas. Enquanto trabalhava com Áquila, mantinha-se ligado ao Grande Mestre. Transmitia aos seus colaboradores instruções necessárias sobre coisas espirituais, e também educava os crentes na unidade. Exercendo seu ofício, ele deu exemplo de diligência e eficácia. Era diligente em sua atividade, “fervoroso no espírito, servindo ao Senhor”. Com Áquila e Priscila, realizava mais de uma reunião de oração e louvor com seus associados na fabricação de tendas. Isso era um testemunho do valor da verdade que eles apresentavam.
Paulo era educador. Pregava o evangelho com a voz e, em seu diligente trabalho, pregava com as mãos. Educou a outro da mesma forma pela qual foi educado por alguém que era considerado mais sábio que os professores humanos. Enquanto trabalhava rápida e habilidosamente com as mãos, Paulo transmitia a seus colaboradores as especificações que Cristo tinha dado a Moisés com respeito à construção do tabernáculo. Mostrou-lhes que a habilidade, sabedoria e capacidade naquele trabalho foram dadas por Deus a fim de ser usadas para Sua glória. Ensinou-lhes que a suprema honra é devida a Deus. [...] (Review and Herald, 6 de março de 1900).
Quando Paulo visitou Corinto pela primeira vez, encontrou-se entre gente que suspeitava dos intuitos dos estrangeiros. Os gregos do litoral eram espertos negociantes. Por tanto tempo se haviam exercitado em sagazes práticas comerciais, que haviam chegado a considerar o ganho como piedade, e que fazer dinheiro fosse por meios lícitos ou não, era coisa recomendável. Paulo se achava familiarizado com suas características, e não lhes queria dar ocasião de dizer que ele pregava o evangelho a fim de se enriquecer... Ele procurava afastar qualquer motivo para um mau juízo, a fim de não prejudicar a influência da mensagem. (Obreiros Evangélicos, p. 234, 235)
Essa foi uma estratégia bastante importante para Paulo e para o tempo e a sociedade em que ele estava inserido, a de ser um missionário, um obreiro, sem precisar viver às custas da igreja. Será que hoje, no mundo pós-moderno em que vivemos, onde muitas igrejas se tornaram um negócio, um meio de lucrar para seus donos, ou melhor, "líderes", e por isso multidões se afastam de qualquer tipo de denominação religiosa, sendo assim, da possível oportunidade de conhecer o evangelho, será que a estratégia de Paulo não é útil? Não digo o mesmo sobre aqueles lugares em que há uma dificuldade de se propagar o evangelho, mas daqueles em que o "evangelho", ou um parecido com ele, pode ser ouvido em qualquer esquina, com fins lucrativos porém mascarados. Será que estes lugares não precisam de uma abordagem semelhante à que Paulo usou, pelo mesmo motivo?
É lógico que essa é uma reflexão bem superficial, porém é um bom pontapé para um estudo mais profundo, não acha? Pense nisso!