Por apegarem-se às leis da matéria e da natureza, muitos perdem de vista, ou até chegam a negar, a intervenção contínua e direta de Deus. Insistem eles na ideia de que a natureza atua independentemente de Deus, tendo em si mesma a capacidade de atuar. Têm eles em mente uma distinção definida entre o natural e o sobrenatural. O natural é atribuído a causas comuns, sem ligação com o poder de Deus. O poder vital é atribuído à matéria, e a natureza é transformada num deus. Concebe-se que a matéria é colocada em certas relações e passa a agir segundo leis fixas, em que o próprio Deus não pode interferir; que a natureza está dotada de certas propriedades, e sujeita a leis, e age por si mesma para obedecer a essas leis, e realizar a obra que lhe foi originalmente atribuída.
Isso é ciência falsa; nada há na Palavra de Deus que a sustente. Deus não anula Suas leis, mas está continuamente operando por meio delas, usando-as como instrumentos Seus. Elas não atuam por conta própria. Deus está perpetuamente atuando na natureza. Ela é serva Sua, por Ele dirigida como Lhe apraz. Por sua atuação, a natureza testifica da presença inteligente e da intervenção ativa de um Ser que procede em todas as Suas obras em conformidade com Sua vontade. Não é por meio de uma condição original inerente à natureza que ano após ano a Terra produz as suas dádivas, e prossegue em sua marcha em redor do Sol. A mão do infinito poder está perpetuamente em atividade, guiando este planeta. É o poder de Deus, exercido momento a momento, que o mantém em posição na sua rotação.
O Deus do Céu está continuamente em atividade. É pelo Seu poder que a vegetação cresce, que cada folha brota e toda flor desabrocha. Toda gota de chuva ou floco de neve, cada haste de grama, folha, flor e arbusto, testifica de Deus. Essas pequeninas coisas, tão comuns em torno de nós, ensinam a lição de que nada escapa à consideração do infinito Deus, nada é insignificante demais para a Sua atenção.
A estrutura do corpo humano não pode ser totalmente compreendida; apresenta ela mistérios que desconcertam os mais inteligentes. Não é como resultado de um mecanismo que, uma vez posto em movimento, continue a funcionar, que o pulso bate e respiração se segue a respiração. Em Deus vivemos, nos movemos e existimos. Cada respiração, cada batimento do coração constitui prova contínua do poder de um Deus onipresente.
Deus é que faz o Sol surgir no céu. Ele abre as janelas do céu e dá a chuva. Ele faz crescer a vegetação sobre os montes. Ele “dá a neve como lã, esparge a geada como cinza”. Salmos 147:16. “Fazendo Ele soar a Sua voz, logo há tumulto de águas no céu. ... Ele faz os relâmpagos para a chuva, e faz sair o vento dos seus tesouros.” Jeremias 10:13.
O Senhor está constantemente empenhado em suster e usar, como servas Suas, as coisas que criou. Disse Cristo: “Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também.” João 5:17.
Homens da maior inteligência não podem compreender os mistérios de Jeová revelados na natureza. A divina inspiração formula muitas perguntas a que o sábio mais culto não sabe responder. Essas perguntas não foram feitas para que ele a elas respondesse, mas para chamar-nos a atenção para os profundos mistérios de Deus, e ensinar-nos que limitada é a nossa sabedoria; que no ambiente de nossa vida diária muitas coisas existem além da compreensão das mentes finitas; que o discernimento e propósitos de Deus excedem a pesquisa. Sua sabedoria é inescrutável.
Os céticos recusam-se a crer em Deus, porque com sua mente finita não podem compreender o infinito poder com que Se revela aos homens. Mas Deus deve ser reconhecido mais pelo que Ele não revela acerca de Si, do que pelo que é acessível à nossa compreensão limitada. Tanto na divina revelação, como na natureza, Deus deixou aos homens mistérios para lhes exigir fé. Assim deve ser. Poderemos estar sempre pesquisando, sempre inquirindo, sempre aprendendo, e sempre haverá, além, um infinito.
“Quem mediu com o seu punho as águas,
e tomou a medida dos céus aos palmos,
e recolheu em uma medida o pó da terra,
e pesou os montes e os outeiros em balanças?
Quem guiou o Espírito do Senhor?
E que conselheiro O ensinou?
Eis que as nações são consideradas por Ele como a gota de um balde
e como o pó miúdo das balanças;
eis que lança por aí as ilhas como a uma coisa pequeníssima.
Nem todo o Líbano basta para o fogo,
nem os seus animais bastam para holocaustos.
Todas as nações são como nada perante Ele;
Ele considera-as menos do que nada e como uma coisa vã.
“A quem, pois, fareis semelhante a Deus
ou com que O comparareis?...
Porventura, não sabeis?
Porventura, não ouvis?
Ou desde o princípio se vos não notificou isso mesmo?
Ou não atentastes para os fundamentos da Terra?
Ele é o que está assentado sobre o globo da Terra,
cujos moradores são para Ele como gafanhotos;
Ele é o que estende os céus como cortina
e os desenrola como tenda para neles habitar; ...
A quem pois me fareis semelhante,
para que lhe seja semelhante?
diz o Santo.
Levantai ao alto os olhos
e vede quem criou essas coisas,
quem produz por conta o Seu exército,
quem a todas chama pelo seu nome;
por causa da grandeza das Suas forças e pela fortaleza do Seu poder,
nenhuma faltará.
“Por que, pois, dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel:
O meu caminho está encoberto ao Senhor,
e o meu juízo passa de largo pelo meu Deus?
Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor,
o Criador dos confins da Terra,
nem Se cansa, nem Se fatiga?
Não há esquadrinhação do Seu entendimento.
Dá vigor ao cansado
e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.
Os jovens se cansarão e se fatigarão,
e os jovens certamente cairão.
Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças
e subirão com asas como águias;
correrão e não se cansarão;
caminharão e não se fatigarão.”
(Isaías 40:12-31)
(Ellen G. White - Testemunhos para a Igreja, v. 8, p. 259-262)