Passeando perto da árvore proibida, a curiosidade de Eva foi despertada para saber como a morte podia estar escondida no fruto daquela árvore tão agradável. Surpreendeu-se ao ver seus questionamentos repetidos por uma estranha voz. “Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’?” Eva não estava ciente de que havia revelado audivelmente seus pensamentos. Portanto, ficou muito espantada ao ouvi-los repetidos por uma serpente. Ela realmente pensou que a serpente conhecia seus pensamentos e que, por isso, deveria ser muito sábia. E respondeu: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim, mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’.” Então, “disse a serpente à mulher: ‘Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal’.”
O pai da mentira fez sua afirmação em direta contradição à expressa palavra de Deus. Satanás assegurou a Eva que ela havia sido criada imortal e que não havia possibilidade de que ela morresse. O inimigo disse que Deus sabia que, se ela e o esposo comessem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, o entendimento deles seria iluminado, expandido e enobrecido, tornando-os iguais ao próprio Deus. Assegurou-lhe que a ordem de Deus, proibindo-os de comer do fruto, foi dada para mantê-los num estado de subordinação de modo que eles não obtivessem conhecimento, que era poder. Disse-lhe que o fruto daquela árvore era desejável acima de toda outra árvore no jardim para torná-los sábios, iguais a Deus. Ele, disse a serpente, recusou a vocês o fruto desta árvore que, entre todas as árvores, é o mais desejável, por seu delicioso sabor e sua estimulante influência. Eva imaginou que o discurso da serpente era muito sábio, e que a proibição de Deus era injusta. Então, olhou com ardente desejo a árvore carregada de frutos que pareciam tão deliciosos. A serpente comeu um deles com aparente deleite. Ela ambicionou aquele fruto acima de todas as outras variedades que Deus tinha dado permissão para comer.
Eva exagerou os termos do mandamento de Deus. Ele havia dito: “mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá”. No diálogo com a serpente, Eva acrescentou: “nem toquem nele”. Aqui a sutiliza da serpente apareceu. Essa declaração de Eva deu vantagem ao inimigo. Ele tirou um fruto e o colocou nas mãos dela, apanhando-a nas próprias palavras, segundo as quais o simples ato de tocar o fruto a levaria à morte. O inimigo como que dizia: “Você vê, não há nenhum mal em tocar o fruto, nem você receberá qualquer dano se comê-lo.” Eva se rendeu ao sofisma do demônio em forma de serpente. Comeu do fruto e não percebeu dano imediato. Então, pegou um fruto e o levou para o marido. “Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também.”
Adão e Eva deveriam estar perfeitamente satisfeitos com o conhecimento de Deus, derivado de Suas obras criadas, e recebido pela instrução dos santos anjos. Mas sua curiosidade foi despertada para se tornar familiarizados com algo de cujo conhecimento o Senhor quis protegê-los. Era para sua felicidade que Deus queria mantê-los ignorantes com respeito ao pecado. A elevada condição de sabedoria que eles pensavam alcançar, ao comer o fruto proibido, os mergulhou na degradação do pecado e culpa.
(Ellen G. White, Panfleto Redemption: or the Temptation of Christ in de Wilderness, p. 9-11)