Jesus desejava corrigir os falsos ensinos dos judeus em relação ao Sábado e também impressionar os Seus discípulos com o facto de que os atos de misericórdia eram lícitos naquele dia. Na questão da cura da mão mirrada, ele derrubou os costumes dos judeus, e deixou o quarto mandamento tal como Deus o tinha dado ao mundo. Com esta atitude, Ele exaltou o Sábado, pondo de lado as restrições absurdas que o comprometiam. O Seu ato misericordioso honrou o dia, enquanto que aqueles que se queixavam d’Ele estavam, através dos seus muitos ritos e cerimônias inúteis, a desonrar o Sábado.
(Ellen G. White, Panfleto: Redemption: or the Teachings of Christ, the Anointed One, p. 51)
Agora instalara-se um conflito em relação às verdadeiras reivindicações da lei do Sábado. Jesus tinha escolhido propositadamente o dia de Sábado para realizar o milagre no tanque. Ele poderia ter curado o homem doente em qualquer outro dia da semana; além disso, poderia tê-lo simplesmente curado, evitando despertar a indignação dos judeus, ordenando-lhe que pegasse na sua cama e se fosse embora. Mas, um sábio propósito estava subjacente em cada ato da vida de Cristo na Terra; tudo o que fazia tinha a sua importância e o seu ensino. Ele veio para vindicar a lei do Pai e torná-la apta a ser honrada. O Sábado, em vez de ser a bênção que deveria ser, tinha-se tornado numa maldição por causa dos requisitos que os judeus tinham acrescentado. Jesus desejava retirar-lhe estes estorvos e deixá-lo apoiado na sua própria dignidade santa.
Portanto, Ele escolheu o Sábado para esta obra especial. Ele selecionou o pior caso entre os mais aflitos do tanque em Betesda, em quem poderia exercer o Seu poder curador milagroso e ordenou-lhe que levasse a sua cama pela cidade para dar a conhecer a grande obra que tinha sido operada em favor dele, para chamar a atenção das pessoas para o seu caso, para as circunstâncias que envolviam a sua cura, e por Quem tinha sido conseguida. Isto levantaria a questão sobre o que é lícito fazer no dia de Sábado. E dar-Lhe-ia a oportunidade de denunciar o preconceito mesquinho e as restrições dos judeus em relação ao dia do Senhor, e expor o seu fanatismo e as suas tradições vazias.
Jesus declarou-lhes que a obra de aliviar o sofrimento dos aflitos estava em harmonia com a lei do Sábado, quer estivesse relacionada com a salvação das almas ou a supressão da dor física. Essa obra estava em harmonia com a dos anjos de Deus, que estavam sempre a descer e a subir entre o Céu e a Terra para ministrar ao sofrimento humano. Jesus respondeu às acusações deles declarando: “Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também” (João 5:17). Todos os dias pertencem a Deus, para levar a cabo os Seus grandes planos para a raça humana. Se a interpretação que os judeus faziam da lei estivesse correta, então Jeová estava em falta, cuja palavra tinha sustentado e suscitado a Criação desde a primeira vez que Ele lançara os fundamentos da Terra, “quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam” (Job 38:7). Aquele que declarou que a Sua obra era boa e estabeleceu a instituição do Sábado para comemorar a sua conclusão, tem de pôr fim ao Seu trabalho, e parar a incessante rotina do Universo. …
Certamente que neste caso o homem perderia o fruto da terra e as bênçãos que fazem a vida desejável. A Natureza deve seguir o seu rumo contínuo; Deus não pode parar a Sua mão um só momento, ou o homem desfaleceria e morreria. E, em semelhante proporção, o homem tem um trabalho para realizar neste dia. Devemos atender às necessidades da vida, deve-se cuidar dos doentes, suprir as necessidades dos necessitados. Deus não iliba aquele que não alivia o sofrimento no dia de Sábado. O santo Sábado foi feito para o homem e atos misericordiosos e benevolentes são sempre adequados para esse dia. Deus não deseja que as Suas criaturas sofram uma hora de sofrimento que possa ser aliviado no dia de Sábado ou em qualquer outro dia.
(Ellen G. White, Panfleto: Redemption: or the Miracles of Christ, the Mighty One, pp. 24–27)