Pela graça de Cristo, os apóstolos tornaram-se naquilo que foram. Foi a devoção sincera e a oração humilde e fervorosa que os levou a terem uma comunhão íntima com Ele. Sentaram-se juntamente com Ele nos lugares celestiais. Compreenderam a enormidade da dívida que tinham para com Ele. Pela oração fervorosa e perseverante, conseguiram obter o dom do Espírito Santo, e depois saíram, com o peso da responsabilidade de salvar almas, cheios de zelo para propagar os triunfos da Cruz. E, pelos seus esforços, muitas almas foram resgatadas das trevas para a luz, e muitas igrejas foram erguidas.
Devemos ser menos fervorosos do que os apóstolos? Não devemos nós, pela fé viva, reclamar as promessas que os incitaram nas profundezas do seu ser a recorrerem ao Senhor Jesus para o cumprimento da Sua palavra: “Pedi, e recebereis” (João 16:24)? Não virá hoje o Espírito de Deus em resposta à oração fervorosa e perseverante, enchendo os homens de poder? Não está Deus a dizer, atualmente, aos Seus obreiros que oram, confiam e creem, e que estão a abrir as Escrituras aos que ignoram a preciosa verdade que elas contêm, “Eis que Eu estou convosco, todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mat. 28:20)? Então, porque é que a Igreja está tão fraca e destituída do Espírito?
Tal como os discípulos, cheios do poder do Espírito, saíram para proclamar o Evangelho, também os servos de Deus devem sair hoje. Cheios de um desejo altruísta de dar a mensagem de misericórdia àqueles que estão nas trevas do erro e da descrença, devemos realizar a obra do Senhor. Ele atribui-nos a parte que devemos desempenhar, em cooperação com Ele, e Ele também atuará no coração dos crentes para que levem avante a Sua obra nas regiões mais afastadas. Muitos já estão a receber o Espírito Santo, e o caminho deixará de estar bloqueado pela indiferença apática.
Porque foi relatada a história do trabalho dos discípulos, ao labutarem com santo zelo, animados e vitalizados pelo Espírito Santo, senão para que o povo do Senhor, hoje em dia, obtenha inspiração para trabalhar fervorosamente para Ele? É tão essencial, e ainda mais, que o Senhor faça pelo Seu povo hoje o que Ele fez pelo Seu povo naquele tempo. Tudo o que os apóstolos fizeram, cada membro de Igreja deve fazer hoje. E devemos trabalhar com o mesmo fervor, para sermos acompanhados pelo Espírito Santo em tanto maior medida, quanto o aumento da iniquidade requer um chamado mais decidido ao arrependimento.
Cada pessoa sobre quem incide a luz da verdade presente deve ser movida de compaixão pelos que se encontram em trevas. De todos os crentes, a luz deve refletir-se em raios claros e distintos. O Senhor espera realizar hoje uma obra semelhante à que realizou por intermédio dos Seus mensageiros delegados, após o dia de Pentecostes. Neste tempo, em que o fim de todas as coisas está próximo, não deve o zelo da Igreja exceder até mesmo o da Igreja Primitiva? O zelo pela glória de Deus era o que movia os discípulos a darem testemunho da verdade, com grande poder. Não deve esse zelo inflamar o nosso coração com o desejo de contar a história do amor que redime, de Cristo, e Este crucificado? Não deve o poder de Deus ser ainda mais poderosamente revelado hoje do que no tempo dos apóstolos?
(Ellen G. White, Review and Herald, 13 de janeiro de 1903)