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Alguns de nossos leitores demonstraram um pouco de dúvida e curiosidade com relação às indulgências comumente concedidas pela igreja Católica Apostólica Romana, e esse post pretende esclarecer um pouco mais sobre isso, com muito carinho, baseado inteiramente no conhecimento apresentado na Bíblia. Portanto, leia este artigo sem preconceito, com o mesmo intuito que eu, com o objetivo de conhecer mais, a fim de que esse conhecimento seja útil para sua vida e deixe seu comentário ou pergunta, caso achar necessário. Não esqueça de conferir verso por verso em sua Bíblia e, é claro, tome uma atitude quanto ao que você ler.
O que são indulgências?
Segundo o iDicionário Aulete (UOL), indulgência é a “disposição para perdoar culpas ou erros” ,enquanto que o dicionário Michaelis Online define como “remissão total ou parcial das penas relativas aos pecados. Perdão”; Indulgência plenária é definida como “absolvição plena das penas temporais”. Sendo assim, por definição, conceder indulgência é, sem arrodeios, perdoar. Mas como o catolicismo vê isso?
Em uma entrevista bem esclarecedora, com um viés totalmente católico, concedida pelo padre Paulo Ricardo, da Arquiodicese de Cuiabá, um clérigo bem popular, à Canção Nova, ele define: "A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório". “Segundo ele” - afirma o entrevistador - “o perdão dos pecados não resolve o problema das doenças espirituais do homem, portanto, as indulgências são necessárias para que os efeitos do pecado, ainda no coração humano, sejam curados.” Afirma ainda que “as indulgências são uma realidade antiga na Igreja Católica. E no decorrer dos anos, foram motivo de questionamentos para muitos, como também foram, para os que creem, um meio de rezar pelos falecidos e buscar a remissão dos pecados.”
Isso já parece o bastante para perceber o pensamento católico sobre a indulgência. Porém, vejamos ainda declarações desse padre com respeito a esse assunto:
“Para que as pessoas entendam o que é indulgência é necessário entender antes o que é pena temporal. Quando vamos nos confessar o sacerdote perdoa a pena eterna. Por causa dos nossos pecados, nós merecemos o inferno, então, o sacerdote perdoa os nossos pecados e com isso nós seremos salvos. Mas, ao mesmo tempo, o pecado tornou o nosso coração pior, nosso coração não está pronto para entrar no céu. Se eu me confessar e morrer imediatamente após a confissão, eu estou salvo, mas não estou santo. Por que ainda não amo a Deus de todo o coração, de toda alma e todo o entendimento. Então, a pessoa que morre nesta situação vai para o purgatório e, ali, purifica-se. A indulgência é a remissão deste tempo do purgatório. A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório.”
Ainda com relação à definição de indulgência, o padre declara: “Indulgência plenária, o próprio nome diz, ela redime totalmente a pena que a pessoa teria que cumprir no purgatório. Enquanto a parcial, redime só em partes. A plenária é totalmente eficaz e definitiva para as pessoas mortas. Por exemplo, se eu tenho um parente que faleceu e cumpro uma obra indulgenciada, essa pessoa então, estaria liberta de todo o tempo do seu purgatório.” Sobre as indulgências plenárias, Paulo afirma que “consistem em uma obra que é indulgenciada e mais outras três condições: confissão, comunhão e oração pelo Santo Padre, o Papa. Estas três condições básicas sempre acompanham as obras que são indulgências plenárias.”
Agora sim, já dá para perceber como funciona essa crença católica sobre a indulgência. Aliás, outras crenças são reveladas nessa entrevista como o inferno e o purgatório e comentarei rapidamente sobre isso. Mas então, qual a relação dessa doutrina com a Bíblia? Seria essa uma crença recomendada pela própria Bíblia?
E quanto à Bíblia?
Bem, para começar com meus comentários, e verificarmos a compatibilidade dessas crenças com a Bíblia, é importante esclarecer que os conceitos sobre o inferno e o purgatório são conceitos introduzidos pela igreja católica, e não pela Bíblia. Há quem afirme que tais conceitos foram baseados na obra literária “Divina Comédia” de Dante, que introduz pela primeira vez essa imagem de um inferno que arde com as almas perdidas e o purgatório que purifica dolorosamente os meio-perdidos. Independente de onde surgiram essas ideias, com certeza não foram inspiradas pela Bíblia. A Bíblia está cheio de indícios que mostram que o ser humano não vai a lugar algum após a morte, se não à sepultura, onde não há pensamento, vida, sentimento, ou atividade alguma. E que a alma não é imortal (A alma que pecar, morrerá – Ezequiel 18:20). É o que pode ser visto e entendido por meio de Salmos 6:5; 115:17; Eclesiastes 9:5; João 11:11-14, entre outros versos. Sendo assim, por mais que uma pessoa ore por alguém que morreu ou faça qualquer coisa por ela, não vai adiantar de nada, eles já selaram sua decisão e as consequências de suas escolhas já não poderão ser mudadas. Mas isso é assunto para outro post. Foi só para frisar um dos muitos erros ditos pelo padre e pregados por sua igreja, além do que discutiremos adiante.
Quanto ao tema indulgência, tal palavra, crença ou ação também não se encontram na Bíblia. Aliás, se o purgatório não existe, consequentemente não há necessidade de indulgência, visto que, segundo pudemos observar pela entrevista do padre, esta serve para a pessoa não ir para ele. Fora isso, a própria ideia é contrária à Bíblia, visto que só há uma maneira de se conseguir o perdão pelo pecado.
O processo do perdão
O processo do perdão apresentado pela Bíblia é simples e só envolvem 3 pessoas. A primeira é o pecador. A segunda é o intercessor ou mediador, o Sacerdote. E a terceira, Deus, que concede o perdão.
O pecador quando se arrepende pelo seu pecado, confessa o seu pecado e deixa de transgredir (I João 1:9, Provérbios 28:13). O ato de confissão só é feito para quem transgrediu. Ou seja, se eu errei contra você, é a você que eu admito meu erro e peço desculpas, por estar arrependido. Do mesmo modo, como o pecado é uma transgressão à Lei de Deus (I João 3:4-NVI), então é unicamente a Deus que eu devo confessar o meu pecado e buscar o perdão. A ninguém mais. Por melhor que seja alguma pessoa, ou por mais que ela seja um líder religioso, ela é tão pecadora como eu e você, sendo assim ela não pode mediar nenhuma confissão, como acontece com os padres e papas. Segundo a Bíblia, só há um Mediador: Jesus Cristo (1 Timóteo 2:5, Hebreus 4:14-16). Ninguém mais está habilitado de interceder ou mediar pelo perdão do pecador. Simples assim. E ainda em I João 1:9, quando esse processo acontece, Deus, por intermédio de Jesus Cristo, é fiel e justo para nos perdoar dos pecados e nos purificar de toda a injustiça (ver também Miquéias 7:18).
E é exatamente aí onde se encontra mais uma questão errônea nas indulgências. O perdão de Deus é suficiente para purificar ao pecador de todo o pecado e toda a injustiça. Ele não necessita fazer mais nada para alcançar a salvação. Aliás, a Bíblia também afirma que “pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9). Perceba que o processo do perdão não necessita de nenhuma obra do pecador justamente para que ele não se glorie achando que tem poder para obter perdão, ou até para que ele não ensine a outros que ele pode conceder perdão, por ser santo ou coisa parecida (justamente o que acontece hoje, indiretamente).
Uma vez perdoado pelo pecado não é necessário que faça algo mais. Deus esquece (Ezequiel 18: 22). Pode até existirem consequências do pecado, até porque estas acontecem impreterivelmente, e isso não quer dizer que o pecado não foi pleno, ou completo. Até porque, uma vez que Jesus Cristo nos liberta do pecado, somos completamente livres, veja o que a Bíblia afirma: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8:36). Sendo assim, não há “doença espiritual” para a qual necessita ser feito algo para ser perdoado completamente. Jesus nos liberta plenamente.
Isso é diferente do caráter pecaminoso que carregaremos, segundo a Bíblia, até Jesus retornar, quando o corpo mortal se revestirá de imortalidade (I Coríntios 10: 50-54). Perceba que nenhuma penitência ou indulgência irá mudar a condição pecaminosa e a consequência do pecado. E isso não significa que não fomos perdoados completamente. Significa apenas que, por vivermos num mundo de pecado, carregaremos a natureza pecaminosa e as consequências disso até que Cristo volte.
Conclusão
Por fim, por mais que alguém tente disfarçar que a igreja católica oferece o perdão pelos pecados, contrariando a Palavra de Deus que diz que o perdão dos pecados só pode ser concedido pelo próprio Deus, por meio de Jesus, gostaria de frisar o que o padre Paulo afirmou: “o sacerdote perdoa os nossos pecados e com isso nós seremos salvos”, referindo-se claramente ao perdão de um padre.
Querido amigo ou amiga leitor(a) deste artigo. Já colhemos informações suficientes para concluir que este ensino das indulgências, bem como o da confissão sacerdotal, do inferno e purgatório, são ensinos contrários à Palavra de Deus. Sendo assim, isso é perigoso para nossa vida cristã, pois se há uma fonte que seja suficiente para instruir, ensinar, corrigir e educar na justiça, ela é a Bíblia (cf. II Timóteo 3:16). Qualquer ensino que seja contrário às Escrituras Sagradas é contrário à vontade divina e, a não ser que você queira crer ou fazer algo contrário aos ensinos de Deus diretamente, o mais interessante é abandonar estes ensinos contrários, mesmo que seja doloroso por já ser praticado tradicionalmente por você, seus familiares e queridos.
Encerro citando as palavras de Martinho Lutero, aquele que primeiro observou as incoerências da igreja Católica com relação à Bíblia:
“Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias.”
Sabendo disso, caro(a) leitor(a), apegue-se a Deus por meio de Sua Palavra, escolha praticar o que está escrito e certamente ele lhe orientará o melhor caminho a seguir.
“E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” (Isaías 30:21)
(Henderson Rogers)