Nada de carne no prato. Um levantamento realizado pelo Ibope mostra que 8% dos brasileiros, aproximadamente 16 milhões de pessoas são adeptos à dieta vegetariana, o que coloca o País no segundo lugar no ranking daqueles com maior número de vegetarianos do mundo. E existe até uma data reservada para eles: o Dia Mundial do Vegetarianismo, comemorado nesta terça-feira, 1º de outubro. A data foi estabelecida em 1977 pela Sociedade Vegetariana Norte Americana com o objetivo de chamar a atenção para as vantagens da dieta.
Entre os brasileiros que preferem passar longe da carne está a cineasta caruaruense Ayna Miranda. Ela sempre cuidou da alimentação, mas o interesse em seguir a dieta surgiu há 14 anos, quando passou a fazer parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), que incentiva os fieis a desenvolverem um estilo de vida saudável. “As carnes dificultam a digestão e liberam toxinas no organismo”, afirma Ayna.
De acordo com o pastor adventista Flávio Oliveira, diretor do departamento de Saúde da IASD para o interior de Pernambuco, a Igreja preocupa-se com a saúde dos membros por acreditar que os aspectos físicos, mentais e espirituais estão interligados. “Quando nós cuidamos do nosso corpo com uma boa alimentação, exercício físico, entre outros fatores, isso reflete nos aspectos mental e espiritual. Assim, teremos mais disposição para as atividades diárias”, explica.
Apesar das recomendações, o vegetarianismo não é um pré-requisito para fazer parte da denominação religiosa. “Existem fieis que não são vegetarianos. A dieta vegetariana não é uma regra, é apenas um conselho”, completa Oliveira.
De acordo com o nutricionista Fransil Barros, especialista em dietas vegetarianas, as pessoas que querem passar longe das carnes precisam diversificar os tipos de vegetais ingeridos para abranger os nutrientes necessários ao funcionamento do metabolismo. Já para quem pensa em aderir ao vegetarianismo, o cuidado deve ser redobrado. “É importante que essa transição seja acompanhada por um profissional habilitado”, enfatiza. “A dieta ideal depende de como a alimentação é elaborada sem a carne.”
Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), apresentado na semana passada durante o Congresso Vegetariano Brasileiro, encontrou evidências de que os vegetarianos possuem risco menor de desenvolver doenças cardiovasculares. Os pesquisadores entrevistaram 549 homens e mulheres de São Paulo e comprovaram que, dos participantes que comem carne todos os dias, 71% eram hipertensos. Já no grupo de vegetarianos, o índice caiu para 57%.