Os Guardiões da Porta de Trás


Desde que me entendo por gente, vejo a igreja gastando recursos, fazendo grandes campanhas evangelísticas e pagando pastores e obreiros para levar pessoas aos pés de Cristo.

Já presenciei batismos coletivos em piscinas semiolímpicas, em praias, em rios ou em simples caixas d’água improvisadas. Todos os departamentos da igreja se envolvem nessa empreitada, pois é preciso atingir os números, digo, a meta estabelecida para cada campo.

Pois bem, isso é impressionante, diria até que é maravilhoso, mas... E depois? O que acontece quando os grupos recolhem seus microfones, quando os grandes pregadores se vão e quando todos aqueles recursos multimídia voltam pro armário?

E o trabalho de conservação dos novos conversos pós-emoção e pós-deslumbramento?

Damos muita importância às portas de entrada: colocamos até simpáticas recepcionistas nelas!

Mas cadê os guardiões das portas de trás?

Felizmente, esse texto não é uma crítica à ausência deles, mas um louvor à constatação de que eles existem, a despeito de fazerem o seu trabalho nos bastidores, sem holofotes e de forma quase imperceptível!

Eu sou a prova viva de que existem porteiros nos fundos da igreja, metaforicamente falando. Eu já estive a ponto de sair, de sucumbir ao desânimo, mas encontrei guardiões que se recusaram a me dar as chaves da porta de trás – bendito impedimento!

O que fazem esses guardiões, já que as portas não são literais?

Eles sorriem, eles abraçam, eles visitam, eles não cobram pelas consultas, eles dão medicamentos e cestas básicas, eles telefonam, eles oram por nós. Eles não se alegram, quando falhamos nem torcem pelo nosso fracasso. Eles choram, quando sofremos e vibram quando estamos bem.

Mais que preocupados em levar o Evangelho de Jesus, eles tornam viável, possível e real o Jesus do Evangelho!

(Lídia Vasconcelos)