As escolhas de Deus


"Depois, subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto dEle. Então, designou doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar." (Marcos 3:13, 14)

Desde o início de Seu ministério na Galileia, Jesus Cristo foi uma figura altamente controversa. Ele não observava o sábado como as celebridades religiosas. Era amigo dos pecadores. Era pouco ortodoxo com relação ao formalismo e tradições. Desconsiderou as cerimônias e superstições do sistema religioso dominante. Sistematicamente Ele expôs a religião farisaica ao ridículo, acusando seus personagens de coarem mosquitos e engolirem camelos, preocupados com ciscos, enquanto tinham a visão impedida por estacas. Repreendeu o exibicionismo dos que se desfiguravam ao jejuarem para garantir o louvor dos homens e oravam em praças públicas para serem vistos e aplaudidos.

Ao selecionar os continuadores de Sua missão, Ele não escolheu um único rabi, escriba, fariseu, saduceu, levita ou sacerdote. Os escolhidos foram retirados de ocupações simples: pescadores, camponeses e um coletor de impostos. A escolha dos doze apóstolos parece ser Seu manifesto contra o judaísmo institucional. Era sua forma de dizer que Ele não reconhecia os líderes religiosos de então. Note ainda que Ele escolheu doze, não sete, dez ou vinte. O número em si era cheio de importância simbólica. Israel, as doze tribos do passado, havia apostatado. A religião deles havia sido prostituída pelo legalismo e a arrogância do tradicionalismo, baseada em mera descendência física. A escolha dos doze era a reinvindicação messiânica de Jesus. Em Sua autoridade, Ele estabeleceu um novo Israel, um novo culto e um novo concerto. Um novo reino, onde o que conta é proximidade com o Rei.

Se você visitar as catedrais da Europa ou do Canadá, terá a impressão de que os apóstolos originais eram figuras colossais, ao vê-los imortalizados nos vidros estanhados, em estátuas e pedestais, como se fossem um tipo de deus romano. Essa é a maneira como a canonização e a arte os desumanizaram. Mas a verdade é que os apóstolos originais eram pessoas comuns e perfeitamente humanas. Qual a virtude deles? Aquilo que estava no coração: integridade e sinceridade, que os agudos olhos do Mestre não deixaram de perceber. Tais apóstolos, exceto Judas, representam para nós um enorme encorajamento. Com a escolha desses "improváveis", Jesus nos está dizendo: "Se posso trabalhar com esses, posso trabalhar com você também."

(Amin A. Rodor, Encontros com Deus, CPB)