Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus. Êxodo 20:9, 10
Nas duas versões bíblicas dos Dez Mandamentos (Êx 20; Dt 5), duas ideias básicas convergem no mandamento de repouso, no sétimo dia: o sábado é o memorial da criação (Êx 20:11) e símbolo de libertação (v. 12-15). O sábado é a lembrança semanal de nossas origens e de que fomos libertos de forças desumanizadoras da cultura secular, que em nossos dias representa o velho Egito, a terra do exílio. O sábado permanece como a eterna lembrança de que o ser humano não é resultado do acaso, de forças impessoais. Também nos relembra de que não fomos criados para a servidão das coisas.
O sábado é dia de comunhão. Ele provê oportunidade para nossa necessidade de conexão, de nos reunirmos com a família, sem qualquer pressa, com irmãos e irmãs, em espírito de amor fraternal, de encorajamento mútuo. É dia para tomar-se tempo uns com os outros, para preencher os vazios e necessidades espirituais e emocionais de outros. Além de prover repouso, o sábado é também dia especial para servir. Nosso tempo, pela febre da correria, foi encolhido. Jesus, contudo, é o modelo de um estilo de vida solidário. Visitar enfermos e idosos para levar conforto é parte da observância legítima do sábado.
Jesus Cristo entrou na história do planeta Terra, primariamente, como nosso substituto. Em segundo lugar, como nosso exemplo. NEle as duas linhas de convergências do sábado se reúnem: criação e libertação. Na primeira sexta-feira, no Éden, Deus declarou que Sua obra estava completa e “tudo era muito bom” (Gn 1:31). Na sexta-feira no Calvário, Jesus Cristo, ao pender a cabeça na morte expiatória, declarou num grande brado: “Está consumado” (Jo 19:30). A obra da libertação, como a obra da criação, fora levada ao clímax ideal. Lembre-se ainda de que na primeira sexta-feira, no Éden, o primeiro Adão teve seu lado aberto para a formação de sua noiva (Gn 2:21). Na sexta-feira do Calvário, Cristo, o segundo Adão, teve também o Seu lado rasgado (Jo 19:34) para dar origem à Sua noiva, a igreja. E, nos dois casos, Deus repousou. Em Sua morte, Jesus repousou na sepultura. Aquele que poderia ter ressuscitado logo preferiu passar 24 horas no túmulo. Ele guardara o sábado em vida e o fez também na morte, legando-nos um exemplo sagrado.
(Amin A. Rodor)
(Amin A. Rodor)